domingo, 10 de junho de 2012

Era da Coisificação



No dia 17 de maio de 2012, assistimos a uma palestra no colégio “Univap”, quem nos dirigia a palavra era a ilustre Sandra Maria Fonseca da Costa, vice-reitora. Falava-nos da Segregação Socio-Espacial e o Caso do Pinheirinho, desde a formação das primeiras cidades, como surgiram, até a era atual, citando vários autores que comprovaram a credibilidade de suas colocações. Chamou-nos a atenção para um fato, quando disse, em outras palavras, que a revolta dos excluídos traz como consequência os movimentos sociais, mas quando há união entre eles. Realmente, é o que falta em tudo o que fazemos e vivemos. Embora seja uma simples comparação, é interessante que a façamos: traçando um paralelo entre o filme “2019, o Ano da Extinção” e a situação do Pinheirinho que presenciamos há pouco tempo, pode-se ver uma semelhança óbvia, talvez ignorada. No primeiro caso, o drama é o seguinte: a matéria-prima não é retirada da natureza, mas sim do ser humano. É sangue. As pessoas não se importam com outrem, umas buscam sobreviver e sugam todas as vidas possíveis e outras não se importam com isso, pelo contrário, lucram. Já, no segundo, o problema é real, mas não menos dramático. Inocentes e culpados, pobres e aproveitadores, adultos, idosos e crianças. Todos são uma coisa só: os moradores ou ex-moradores do Pinheirinho. Eu digo coisa, não porque eu concorde ou queira ser enfática em minha opinião, até porque não vem ao caso discutir se a reintegração de posse foi algo bom ou ruim e se somos contra ou a favor a este ato. Digo isso, pois é uma realidade: a coisificação do ser humano. Durante oito anos o material está em um lugar, depois pode ser removido para não atrapalhar o andamento dos negócios. Certos ou errados, os responsáveis pela remoção de cerca de mil famílias removeram, na verdade, mais ou menos cinco mil parafusos não-rentáveis. Estou mentindo? Será que crianças acordam, num belo dia, e decidem que querem morar num terreno ao qual não pertencem? Será que quando elas nascem, já tem dom para o tráfico, revoltas entre outros males? Se a resposta for não, porque todas estas pessoas são classificadas como tais e se os são, não têm direito a uma segunda chance? Ou elas não são consideradas pessoas? Quando assisti ao filme citado, vi, pela primeira vez, a palavra “humano” ser citada várias vezes, mas não pelo fato de ser a espécie mais privilegiada ou respeitada, e sim por ser a única fonte de lucro e que, além disso, estava em extinção. O objetivo era capturar o resto e vender. Quanto tempo falta para a “Era da Extinção” chegar? Talvez tenhamos chegado ou sempre estivemos inerentes e sistematizados a ela.



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